Pessoas
no mundo todo valorizam pratos à base de carne, seja de vaca, porco, cabra ou
ovelha. Animais considerados exóticos no Brasil viram em outros países
requintadas iguarias à mesa, como alce americano, veado chinês Père David
(atualmente, um grande negócio na Nova Zelândia), cavalo (França),
porquinho-da-índia (Peru), alpaca, lhama, vicunha e guanaco (América do Sul).
Coelho é servido tanto em Malta como na China e no Brasil.
Aves
comestíveis agradam ao paladar de indivíduos das mais diversas culturas. No
primeiro lugar do ranking estão frangos e patos; perus, galinhas-d'angola e
gansos vêm em segundo. Girafas, antílopes e macacos, inimagináveis na cozinha
brasileira, acabam matando a fome de inúmeras populações - mas, com freqüência,
a matança tem alto impacto sobre a espécie.
PROTEÍNA
DA PECUÁRIA
Um
hectare onde vivem vacas ou ovelhas produz apenas 1/10 da proteína fabricada em
um hectare de trigo ou soja. E, ainda assim, boa parte dessas safras é usada
para alimentar animais de criação. O gado parece, muitas vezes, competir com o
homem: consome a comida que poderíamos estar ingerindo. Por isso, em vez de
alimentar a população prevista de 10 bilhões em 2050, teremos de gerar comida
suficiente para nutrir 14 bilhões de bocas, porque o gado se insere nesse
pacote. Além disso, há outro complicador: nos países em desenvolvimento as
pessoas estão consumindo 5% mais carne por ano. Se a tendência continuar,
aumentará a pressão sobre a produção de outros alimentos.
HERBÍVOROS
E ONÍVOROS
Os
animais de criação se dividem em dois grupos: os herbívoros, que comem plantas,
e os onívoros, que consomem qualquer alimento. Para os herbívoros, como vacas e
ovelhas, a principal fonte de energia é a celulose: o material duro que forma
os "esqueletos" das plantas. Eles se alimentam principalmente de
capim, encontrado nas encostas de montanhas e em áreas semidesérticas ou quase
pantanosas. Fica impossível cultivar plantações produtivas nesses lugares - os
animais representam um bônus porque usam a terra que seria estéril. E mesmo
quando o gado é criado em terreno fértil, como em rodízios tradicionais,seu
esterco recupera a fertilidade do solo.
Porcos
e aves de criação são onívoros. Comem os mesmos tipos de alimento que os seres
humanos - mistura de vegetais e de carne - e são tradicionalmente nutridos com
excedentes da safra e com a popular lavagem (restos de comida fervidos). Esses
animais servem, também, para fertilizar a terra em que são criados. Os porcos,
por exemplo, são ótimos cultivadores e desenterram ervas daninhas com o
focinho.
A
FUNÇÃO DAS PROTEÍNAS
Ainda
que as pessoas consigam viver sem produtos animais, várias populações estariam
em posição precária sem alimentos desse grupo. Eles fornecem 35% do consumo
total de proteínas de toda a humanidade (58% na América do Norte, 21% na
África). Embora os animais comam uma boa parcela de grãos e feijões de soja,
75% de seu alimento ainda provém do capim e de outras forragens que não seriam
aproveitados pelo homem.
A
proteína de animais é de alta qualidade. Proporciona o balanço certo de todos
os aminoácidos essenciais e tem uma importância nutricional específica.
Produtos desse gênero contêm nutrientes em quantidades adequadas, inclusive
vitaminas, como a B12, e minerais, como o cálcio e o zinco, além de gorduras
estruturais essenciais.
Nos
vegetais, o teor desses componentes é bem menor. Sem os produtos animais
seríamos privados de proteína e energia. Além disso, pesa contra o
vegetarianismo o fato de que a maioria das pessoas prefere carne, ovos e
derivados do leite - poucos aceitariam uma dieta concentrada em vegetais e
grãos. No mundo inteiro, ela não é a melhor opção, até porque uma agricultura
dedicada puramente às plantações de legumes e verduras não faria o melhor uso
dos recursos naturais. Desperdiçaria colinas e locais pantanosos (onde é
difícil cultivar plantações, mas é fácil criar ovelhas, cabras e vacas) e os
inevitáveis excedentes, atualmente consumidos por porcos e aves.
Fonte:
Folha Online